Praia Grande reduziu consideravelmente o índice de mortalidade infantil em 2016. No ano passado, a taxa foi de 13, 4 mortes para cada mil crianças nascidas vivas contra 17,3 em 2015. Os dados foram divulgados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Essa redução é ainda mais significativa se comparada com os vizinhos da Região. O Município tem a menor taxa entre as cidades com mais de 100 mil habitantes na Baixada Santista.
Com o trabalho específico e planejado que vem sendo desenvolvido, a tendência de queda do índice vem se mantendo também em 2017. Até o mês de agosto, Praia Grande, que registrou o nascimento de 2.954 crianças no Hospital Municipal Irmã Dulce, tem a taxa de 12,5 mortes para cada mil crianças nascidas vivas. Há dez anos, esse índice era de 22 mortes.
“A meta da Cidade é seguir reduzindo esses números. Tudo que cabe a Praia Grande vem sendo realizado. Fortalecemos a Atenção Básica e o acompanhamento desses casos. Nos últimos anos, atendemos muitas gestantes de outros municípios da Região, mesmo não sendo referência definida pelo Departamento Regional de Saúde da Baixada Santista (DRS-IV). A Sesap seguiu com as ações e a redução foi consequência. O comprometimento dos profissionais também merece destaque”, explicou o titular da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande, Cleber Suckow Nogueira.
Praia Grande vem se destacando ao longo dos últimos anos na Baixada Santista como referência no desenvolvimento de ações e projetos, com crescente importância regional relacionada ao tema. Destaque para a intensificação dos serviços como o acompanhamento ao pré-natal, ao recém-nascido desde o parto ao primeiro ano de vida, o acesso aos serviços laboratoriais como teste do pezinho, além do incentivo ao parto natural, em vez da cesárea (que implica em riscos por conta de anestesias e do processo cirúrgico). Outras iniciativas que chamam a atenção são relacionadas ao aleitamento materno e também à vacinação.
A coordenadora da Saúde da Mulher da Sesap, Solange Cavalieri, destacou ainda que as unidades de Saúde da Família (Usafas) da Cidade realizam a busca ativa das gestantes que faltam no pré-natal. “Desta forma o acompanhamento fica mais constante e eficiente. Os profissionais fazem ainda um alerta para que não faltem. O trabalho tem trazido resultados positivos”.
Constantemente, propostas são debatidas para melhorar ainda mais o atendimento nessa área. Capacitações com médicos do Programa Saúde da Família também são desenvolvidas. A presença de ginecologistas e pediatras no Nasf (Núcleo de Apoio da Saúde da Família) também teve papel fundamental na redução dos índices, assim como uma maior conscientização da comunidade, para incentivar mães na realização dos exames pré-natais.
Dificuldades enfrentadas pela Região, o déficit de leitos obstétricos e a manutenção do fechamento de maternidades, influenciaram no aumento da taxa de mortalidade infantil em Praia Grande em 2015. Dados da Sesap apontam que em 40% dos óbitos registrados as mães não fizeram o pré-natal no Município. A estrutura oferecida em solo praia-grandense para o parto, no Hospital Municipal Irmã Dulce, tem atraído cada vez mais gestantes de outras cidades.
“Praia Grande conseguiu, com o processo de estruturação da Atenção Básica nas últimas décadas, melhorar este indicador através de expansão da cobertura de Atenção Básica, intenso processo de Educação Permanente em Saúde e investimento no crescimento de leitos obstétricos previstos no próximo Plano Municipal de Saúde”, comentou o subsecretário de Saúde Pública da Cidade, Rodrigo França.
Comissão – A Sesap conta com uma Comissão de Mortalidade Materna e Infantil. O órgão realiza reuniões mensais com o objetivo de organizar ações voltadas ao tema. O início dos trabalhos ocorreu em 1999. Atualmente, aproximadamente 15 profissionais fazem parte das atividades.
Ceas Mulher – O Município oferece ainda atendimento especializado no Centro de Atenção à Saúde (Ceas) da Mulher. A unidade acompanha casos encaminhados pelos médicos da Atenção Básica. Atua também como referência na Cidade no acolhimento e acompanhamento ginecológico, de casos relacionados à mama e colo de útero, área gestacional e aconselhamento em atenção ao planejamento familiar. Campanhas de conscientização e educativas também fazem parte das ações.
Evolução – O Hospital Municipal Irmã Dulce, desde 2010, passou a contar com 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal. Os espaços destinados a esse tipo de atendimento na unidade praia-grandense são voltados aos munícipes e também pessoas de outras cidades da Baixada Santista.
Visita monitorada – Há dois anos, o Núcleo de Apoio da Saúde da Família em parceria com o Complexo de Saúde Irmã Dulce (que compreende o Hospital Municipal e o Pronto Socorro Central, localizados no Bairro Boqueirão) realiza uma visita monitorada com gestantes às instalações do hospital.
A atividade é destinada às mulheres que já são mães ou estão vivendo a experiência pela primeira vez. O projeto visa proporcionar calma e segurança às gestantes com a proximidade do nascimento do bebê, quando aumenta a ansiedade em relação ao parto. Mitos e desinformação acabam por gerar medo.
Esse tipo de ação faz parte do programa de assistência às gestantes desenvolvido pelo Nasf. Os encontros do grupo ocorrem mensalmente nas Usafas e são abordados temas como os direitos das gestantes, aspectos psicológicos durante a gestação, alterações posturais e amamentação. A troca de experiências é outro ponto de destaque das atividades.