É importante para toda empresa encerrar o ano com as finanças organizadas e o planejamento fiscal em dia para evitar surpresas no caixa e começar 2026 com tranquilidade. E, com o avanço das ferramentas de fiscalização digital e a proximidade da reforma tributária, a atenção deve ser redobrada.
Conversamos com a advogada tributarista Paula Kantek, da Mazutti Ribas Stern Sociedade de Advogados, e com o professor Alexandre Evaristo Pinto, da FGV EAESP, sobre orientações práticas para médias empresas que querem manter a conformidade e a saúde financeira. Veja a seguir 8 dicas:
1. Antecipe o planejamento
A primeira recomendação é simples: não deixar tudo para dezembro. “Quando a empresa posterga o planejamento fiscal, encurta a janela de tempo para correções e aumenta a exposição a riscos”, diz a advogada Paula Kantek. Segundo ela, esse atraso pode levar a lançamentos contábeis incorretos e à perda de benefícios com prazos de adesão. O professor Evaristo Pinto reforça que o planejamento deve caminhar junto ao orçamento anual da companhia. “O orçamento é o principal instrumento do planejamento financeiro, e o fiscal deve acompanhá-lo. Fazer isso com antecedência permite mensurar melhor os riscos e benefícios de cada alternativa de tributação”, afirma.
2. Reavalie o regime tributário
A revisão do regime tributário deve ser feita com base em dados reais, não em médias setoriais. “É comum encontrar empresas de médio porte no lucro presumido quando já teriam vantagem migrando para o lucro real, ou o contrário”, diz Paula. Para Alexandre Evaristo, o ideal é simular cenários financeiros e tributários com base na realidade operacional e de mercado. “Além dos impactos financeiros, é preciso avaliar riscos e benefícios tributários de cada regime”, diz.
3. Evite inconsistências e erros comuns
Muitas autuações fiscais acontecem, especialmente, por erros em obrigações acessórias e no cruzamento de informações. “As divergências entre o que é declarado e o que consta nos documentos fiscais são as mais recorrentes”, aponta Kantek. Evaristo Pinto observa que, muitas vezes, o problema está em falhas de preenchimento e diferenças entre as obrigações acessórias e a escrituração contábil. “É essencial revisar periodicamente as apurações e contar com pareceres técnicos para decisões interpretativas sobre créditos e deduções”, explica.
4. Monitore as obrigações acessórias
Com o monitoramento em tempo real pela Receita Federal, o cuidado com obrigações acessórias como SPED, EFD-Contribuições e DCTFWeb deve ser constante. “O fechamento fiscal precisa ser um processo contínuo, com conciliações periódicas entre o ERP e as obrigações acessórias e um calendário centralizado com responsáveis definidos”, pontua Kantek. Alexandre completa que o ideal é criar roteiros com rotinas padronizadas e um monitoramento preventivo. “Não basta seguir o padrão. É preciso estar pronto para alterá-lo quando houver mudanças legislativas”, afirma.
5. Revise créditos de PIS, Cofins e ICMS
Uma das formas mais eficazes de reduzir o peso tributário é revisar créditos de PIS, Cofins e ICMS antes do fechamento do exercício. “Para PIS e Cofins, é essencial compreender o processo produtivo e identificar os insumos que geram crédito, conforme a tese da essencialidade e relevância”, explica Kantek. O professor Evaristo Pinto acrescenta que, por se tratar do último ano de apuração de PIS e Cofins, todas as decisões sobre creditamento devem ser tomadas em 2026. “É importante aproveitar o período para revisar procedimentos e utilizar eventuais saldos credores”, afirma.
6. Realize uma auditoria preventiva
Auditorias internas ajudam a detectar inconsistências antes que virem autuações. “Uma auditoria bem conduzida identifica divergências entre informações fiscais e contábeis, cadastros desatualizados e documentos faltantes”, diz Evaristo Pinto. A advogada reforça que essa prática amplia a segurança e permite ajustes em lançamentos, provisões e créditos. “A empresa ganha uma visão mais clara da própria saúde fiscal e pode planejar com mais eficiência o próximo exercício”, diz.
7. Acompanhe incentivos fiscais e benefícios
Os benefícios fiscais, especialmente os de ICMS, têm prazos de validade e condições específicas. “É essencial mapear todos os incentivos e entender o impacto financeiro de cada um no fluxo de caixa e na lucratividade”, afrima Kantek. O professor da FGV recomenda criar um controle detalhado com prazos, vigências e condições. “As empresas devem avaliar se o incentivo realmente reduz a carga tributária mais do que os custos para mantê-lo ativo”, diz.
8. Prepare-se para a reforma tributária
A partir de 2026, novas regras trarão mudanças na emissão de notas fiscais e na apuração dos tributos sobre consumo. “As empresas precisam estar prontas para parametrizar seus sistemas e atualizar cadastros, já que quem não se adaptar pode até ficar impedido de emitir notas fiscais”, diz Kantek. Evaristo Pinto reforça que essa transição exige envolvimento de todas as áreas. “Os sistemas de gestão devem estar aptos a incluir os novos tributos, como IBS e CBS, e é recomendável realizar testes e simulações de impacto desde já”, afirma.
Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios
Foto: Getty Images



