Para alguns, casa de avó é sinônimo de café e comida quentinha. Outros se lembram do clássico piso de caquinhos de cerâmica, que foi febre na década de 40 e ainda decora o lar de muitos brasileiros. Junte isso a alguns pés de amora e redes de descanso e terá o pacote completo – além da identidade de um espaço na Vila Mariana, em São Paulo (SP). O Café com Quintal fica em uma casa centenária e oferece um recanto de lazer em meio ao ritmo acelerado da capital.
Inaugurado em setembro, o café integra um espaço cultural que une desde aulas de música até espaços de coworking. O principal público são as famílias – e até a ex-moradora da casa já passou por lá, surpresa com a proposta do espaço. “É um lugar que remete à infância. Muita gente fala que entra em outro mundo quando vem para cá”, diz Raiani Teichimam, uma das fundadoras.
“Era para ser”
A relação com a casa começou antes mesmo que a ideia do café fosse concebida. Raiani é atriz e uma das sócias da Companhia Laço, que oferece aulas de teatro a crianças e jovens. No ano passado, decidiu buscar um espaço para uma nova sede da empresa.
Seu marido, Gustavo Dermendjian, já havia reparado no imóvel e sugeriu que ela o visitasse. Mas na ocasião não havia nem mesmo uma placa de “aluga-se” – e Raiani também o considerava muito grande para os seus planos.
A impressão mudou depois que ela aproveitou a ida de um corretor para conhecer o interior da casa. “Na hora, eu liguei para a minha sócia e disse que tinha achado o lugar perfeito”, diz ela. A solução para o tamanho vantajoso foi oferecer espaço a outras empresas e iniciativas – além de abrir o Café com Quintal.
Hoje, o estabelecimento tem como sócios Raiani, Gustavo e um amigo do casal, Walter Torrado. Além do café e da empresa de teatro, os sócios montaram um espaço de coworking e abrigam uma escola de música.
Mãos à obra
Dar um ar novo ao espaço sem tirar sua identidade não foi simples nem barato. Foram investidos cerca de R$ 30 mil em reformas gerais e outros R$ 30 mil apenas na área do café. A cozinha, de apenas três metros quadrados, fica onde anteriormente era um banheiro. “As pessoas mal acreditam quando contamos, mas é lá que produzimos quase tudo o que vendemos”, diz Raiani.
Um dia, ela e os sócios receberam de surpresa uma ex-moradora da casa. “Ela contou que a mãe dela construiu a casa e que o imóvel tinha uns 100 anos. O engraçado é que no papel, provavelmente pela burocracia da época, ela tem apenas 80.” Além dela, segundo a fundadora, outros antigos vizinhos também manifestaram curiosidade sobre o novo uso do espaço.
Comida caseira
O quintal, como o próprio nome do café sugere, é a principal vitrine. Lá, os clientes podem sentar em redes e cadeiras de praia enquanto consomem os itens do cardápio – que inclui bolos, pães com fermentação natural e bebidas quentes e geladas. No almoço, há ainda a opção de pedir uma torta com salada.
“Colocamos o cardápio no Instagram e, como a casa é grande, também recebemos pedidos pelo WhatsApp. O cliente pode pedir um prato por mensagem, dizer onde está e receber o pedido na mesa”, explica Raiani.
O público mais frequente são as famílias com filhos, em especial pela proximidade a três grandes colégios do bairro. Moradores e funcionários de empresas da região também têm sido atraídos.
O tíquete médio é de aproximadamente R$ 30 e o faturamento mensal tem sido de R$ 25 mil. A previsão é fechar 2020 com um faturamento anual de R$ 350 mil. “As comidas trazem a lembrança de casa de avó e a decoração é muito aconchegante. Tudo conta muito para as pessoas voltarem.”