O jovem empreendedor Carlos Augusto Junior tem apenas 22 anos, mas já comanda a rede de franquia Frango no Pote, criada em Brasília, em 2012. A empresa tem 37 lojas abertas em vinte estados brasileiros e mais 47 contratos fechados para novas inaugurações. Nos últimos seis meses, a rede abriu duas unidades em São Paulo, principal reduto de seus concorrentes multinacionais, KFC e Popeyes.
A Frango no Pote nasceu na churrasqueira do pai de Augusto, Carlos Augusto Nepomucemo da Silva, que hoje é diretor financeiro da marca. Em uma viagem aos Estados Unidos, em 2011, Silva conheceu o frango frito e resolveu fazer uma versão local do prato. “Em Brasília, não se tinha cultura nenhuma de frango frito. O nosso empanado é feito de forma abrasileirada, marinada e com uma farinha exclusiva. Não queremos ser frango frito americano, somos o frango frito brasileiro”, afirma Augusto.
Hoje, a marca ainda segue o mesmo mantra de oferecer um frango frito original brasileiro. Há opções de baldes, como nos concorrentes, mas a prioridade no cardápio não são lanches, e sim refeições tradicionais.
Na época da criação da empresa, Augusto tinha apenas 12 anos e ajudava o pai com as embalagens. As vendas eram feitas por delivery, com uma pessoa dedicada a atender os telefonemas e outra para fazer as entregas. Em pouco tempo, os pedidos começaram a crescer e a família se motivou a abrir uma loja em frente ao condomínio em que moravam. Dois anos depois, em 2014, a Frango no Pote deu o pontapé inicial para a expansão por franquias, com a abertura de uma segunda unidade.
Augusto conta que sempre gostou de gastronomia, e que ficava vidrado em reality shows de culinária na televisão. “Em Brasília, o senso comum é de que devemos prestar concurso público, mas meu sonho era morar fora do país para trabalhar com cozinha.” E ele conseguiu realizar o sonho aos 16 anos, quando se formou precocemente no ensino médio e entrou na faculdade de gastronomia.
Em 2018, já formado, Augusto foi morar por um tempo nos Estados Unidos. Lá, ele trabalhou muito com restaurantes que operavam por delivery e teve contato com as dark kitchens (cozinhas que operam apenas com produtos para entrega, sem atendimento ao público). “Quando eu voltei para o Brasil, falei para o meu pai que isso seria uma tendência. Ainda em 2019, fizemos toda a estruturação e contratos de exclusividade para alavancar o delivery e abrimos nossa primeira dark kitchen em Brasília.”
A Frango no Pote fechou uma parceria com o iFood para o delivery e conseguiu acelerar o faturamento mensal da marca durante a pandemia: o montante passou de R$ 300 mil por mês em 2019 para R$ 2,3 milhões em 2020, um crescimento de 93%. De acordo com Augusto, em 2021, o valor já subiu mais e encosta em R$ 3,3 milhões mensais somente com o delivery.
Apesar de ver o modelo de dark kitchen como uma aposta para o futuro. A expansão no momento está focada em lojas com fachada e atendimento ao consumidor, pois a ideia é gerar a força da marca em todas as regiões. Lojas de rua têm sido a prioridade da empresa – das 47 unidades negociadas, apenas duas serão em shopping centers, incluindo a primeira que será inaugurada no Rio de Janeiro, em junho.
Augusto não vê a concorrência já consolidada como um problema, ao contrário, ele encara como uma oportunidade para impulsionar o crescimento da própria Frango no Pote. O empreendedor afirma que quando o KFC chegou à Brasília, ajudou a aumentar as vendas da sua marca na região. “É uma abertura de mercado para nós, engaja as pessoas a consumirem o frango frito e irem atrás de outras opções.”
O jovem empreendedor tem planos ousados para 2021. Até o final do ano, quer tornar a Frango no Pote líder no setor, ultrapassando o número de lojas do KFC, controlado no Brasil pelo grupo International Meal Company (IMC), e que tem cerca de 100 unidades em operação, e do Popeyes, comandado pelo Burger King Brasil, e que soma cerca de 40 lojas em funcionamento.
As duas redes seguem com expansão mais moderada pelo país. Desde o início do ano, inclusive, o IMC vem travando discussões com a dona do KFC nos Estados Unidos, a Yum! Brands, sobre as medidas adotadas pela empresa brasileira durante a pandemia.
Além das marcas internacionais, a Frango no Pote também tem concorrentes locais, como a rede de dark kitchens N1 Chicken e a HNT (antiga Hot n’ Tender), com cerca de 120 e 40 unidades, respectivamente.
O investimento inicial total para ter uma franquia da Frango no Pote é a partir de R$ 199 mil, o que já inclui taxa de franquia e capital de giro. Augusto explica que a rede tem um centro de distribuição que centraliza e abastece as franquias com produtos exclusivos da marca, mas para outros insumos, com o próprio frango, há fornecedores homologados com atuação nacional.