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Uma interrupção repentina na carreira e uma indignação motivaram a pedagoga Patrícia Sprada, 52 anos, a empreender com pet shops. Ela é dona da EcoCão, em Curitiba (PR), que oferece desde banho e tosa personalizados a ofurô, massagem e creche para cãezinhos. O negócio faturou R$ 600 mil em 2021 e agora inicia a expansão por franquias.
Sprada é pedagoga de formação, e chegou a atuar em várias áreas, de escolas a consultorias em empresas, até ser demitida em 2015. O freio repentino na carreira fez com que ela passasse a se ocupar mais de algumas tarefas domésticas, como levar os dois pequenos yorkshires da família ao pet shop.
Sprada conta que percebeu uma apreensão incomum dos cãezinhos ao chegarem perto do estabelecimento. Da mesma forma, em outras ocasiões, os passeios ficavam tensos cada vez que ela passava nos arredores do pet shop. Foi então que decidiu amenizar o incômodo dos pets. “Como eu estava sem fazer nada, resolvi fazer o curso de banho e tosa para cuidar deles em casa mesmo. Ao mesmo tempo, estava tentando voltar para a pedagogia”, diz.
Durante o curso, a empreendedora se sentiu incomodada com o que viu. De acordo com ela, a orientação era que os banhos fossem curtos, de até 20 minutos. Os ganhos dos funcionários eram baseados na quantidade de banhos executados. “Mas, dependendo do tamanho e da idade do cachorro, seria necessário mais tempo. Nenhum é igual ao outro.”
Duas situações, em especial, a marcaram: a primeira foi a sugestão de eutanásia para um cãozinho idoso, mas saudável, e a outra foi quando lhe entregaram um pet sedado para que fosse banhado. “Foi uma experiencia péssima para mim. Me senti muito mal naquele momento e nesse dia eu cheguei em casa e falei: ‘Vou abrir um pet shop’.”
Ninguém na casa de Sprada tinha tido qualquer experiência empreendedora antes disso. Ela foi atrás de informações sobre administração, finanças e gestão no Sebrae, e passou a pesquisar sobre o mercado pet. Até que, em 2017, abriu sua primeira loja em Curitiba (PR), onde mora. “Éramos minha filha, uma banhista e eu. Fomos crescendo conforme o volume de atendimentos foi aumentando.”
Sprada diz que desenvolveu o negócio com foco em um público específico, mais engajado na causa animal. No entanto, percebeu que a demanda era mais ampla e precisou reformular toda sua comunicação. Ela diz que conseguiu usar sua pedagogia para ler os clientes e identificar as suas necessidades — bem como as dos cãezinhos — para reformular o negócio a tempo.
“Entendi que quando a coisa segue muito em uma linha só, alguma pessoa não é atendida. Optamos por atender cada um de acordo com a sua necessidade.” A empreendedora conta que foi aprendendo aos poucos como montar a clínica: chegou a comprar banheira errada ou máquina que não dava conta do serviço, antes de azeitar todo o processo. Em quatro meses, a EcoCão já começou a se pagar.