A Paola Carosella é mais conhecida por ser a jurada do Masterchef, programa de gastronomia transmitido pela Band. Quem já viu a atração talvez já tenha ido a um dos restaurantes da autodenominada cozinheira: o Arturito e o La Guapa.
Quem vê tanto sucesso não imagina que o caminho até ele foi cheio de desafios, que envolveram infelicidade e um empréstimo milionário.
Em palestra durante o Day1, evento organizado pela Endeavor em parceria com o Sebrae que ocorreu nesta semana, Carosella falou sobre seu começo na cozinha e sua trajetória empreendedora – e o que aprendeu no meio desse caminho.
Desespero e decisão
A cozinheira começou seu discurso revelando um dia decisivo na sua carreira – o seu “Day1”.
“Eu tinha 40 anos de idade – hoje, tenho 44. Estava no Brasil havia doze anos. Tinha uma filha de dois anos. Era dona de um restaurante quase falindo. Um relacionamento absolutamente falido também. E estava morando no cheque especial”, afirma a cozinheira.
Carosella pegou duas folhas de papel e colou na parede. Em uma delas, estava escrito hoje. Na outra, daqui a dois anos. Ela sentou no chão e ficou olhando para os dois cenários. Levantou do chão com quatro certezas.
“A primeira é que eu irei morrer, algum dia. A segunda certeza é que eu não sou feliz na vida que tenho, não é isso que eu quero. A terceira é que eu preciso fazer alguma coisa, porque ninguém irá mudar a vida por mim. E a última: eu sou cozinheira.”
O começo na cozinha
A argentina Paola Carosella é filha de imigrantes italianos, e credita sua paixão pela cozinha à comida artesanal da sua avó, feita aos fins de semana.
“A forma como minha avó colocava a comida na mesa me parecia algo poderoso. Eu me apaixonei por essa coisa erótica da cozinha, de colocar a comida farta na mesa e todo mundo babar”, explica a cozinheira.
Durante os dias úteis, Carosella cozinhava para ocupar os dias, e esquecer daquele espaço em que era infeliz. A cozinha apaixonante dava lugar a uma cozinha do ofício.
“Eu sou filha de pais separados, e cresci morando com minha mãe em um apartamento. O cotidiano era bem diferente: não havia galinha, ou horta, ou alguém que cozinhasse. Tive uma mãe linda, forte, super empreendedora, que trabalhou e estudou a vida inteira – mas muito triste.”
“Minha infância e minha adolescência se deram nesse espaço, de muita solidão. E o que me resgatava era cozinhar. Eu voltava da escola e cozinhava, copiando minha vó ou as cozinheiras da televisão. Com poucos ingredientes, eu fazia de tudo. Comecei a preparar o jantar para esperar minha mãe voltar do trabalho.”