Por muito tempo, a economia linear – baseada na extração, na produção e na utilização – foi tida como norma, mas com o tempo percebeu-se que ela não é sustentável por conta dos resíduos gerados. Foi então que entrou em cena o conceito de economia circular.
O que é economia circular
A economia circular propõe uma nova forma de produção e consumo, fazendo com que empresas e pessoas repensem suas relações com a matéria-prima utilizada na fabricação e no design de produtos e nos resíduos descartados após a produção e o uso. A ideia é que todo o processo seja mais sustentável, com bem menos descarte.
Com tantas empresas buscando um modelo de negócios mais sustentável, alinhado ao ESG (práticas que levam em conta o meio ambiente, o social e a governança), cresce também o interesse das companhias por saber como adaptar suas operações ao formato da economia circular.
Segundo a consultoria Upcycle, que se propõe a ajudar as empresas nessa transição, os modelos de negócio para economia circular podem ser entendidos como aqueles que incluem em sua proposta de valor princípios como: fazer negócio eliminando geração de resíduos e impactos ambientais, circulando recursos e produtos em uso por mais tempo, e regenerando os sistemas naturais.
Há, de acordo com a Upcycle, cinco tipos de modelos de negócios na economia circular:
1. Produto como serviço: é o mais complexo e exige profundas mudanças nos processos das empresas, porque muda a relação do cliente com o produto e a organização.
O cliente deixa de ser proprietário do item para simplesmente aproveitá-lo como experiência – e questões de manutenção, por exemplo, passam a ser resolvidas pela empresa, e não pelo consumidor.
É o caso do aluguel de carros, ao invés da compra do bem. Nesse modelo, o fim de vida do produto passa a ser responsabilidade da empresa, permitindo que peças sejam reaproveitadas. Além disso, um produto pode atender a mais de um cliente com maior facilidade, reduzindo assim o consumo de recursos.
2. Compartilhamento: nesse modelo a experiência do cliente também dita as regras, e o foco é ter produtos que atendam a necessidade de mais de uma pessoa. Assim, o produto fica disponível para um grupo de pessoas que, a qualquer momento, pode utilizá-lo.
Airbnb é um exemplo. Esse formato intensifica o uso do produto, reduzindo a necessidade de se produzir mais.
3. Recuperação de recursos: o principal objetivo desse modelo de negócio é recuperar valor dos recursos por meio de estratégias como reciclagem e uso em cascata em ciclo fechado ou aberto. Logística reversa entra aqui, por exemplo. Os consumidores, nesse modelo de negócio, também têm papel-chave na devolução dos produtos utilizados.
4. Extensão da vida útil do produto: a ideia aqui é recuperar valor ampliando a vida útil do produto. Isso pode ser feito por meio da remanufatura, recondicionamento, manutenção, upgrade e reuso.
5. Insumos circulares: empresas que atuam nesse modelo de negócio utilizam insumos que foram restaurados, como os reciclados e renováveis. Em essência, esses modelos capturam valor a partir da escolha de matérias-primas que são recicladas, renováveis, biodegradáveis, não tóxicas e possuem menor pegada ecológica.
Além disso, a energia utilizada na cadeia de valor tem origem renovável, e a escolha e combinação das matérias-primas e componentes facilitam estratégias de circularidade no fim de vida do produto.