Muita gente costuma dizer que sonha em abrir um negócio próprio. Mas, para a paulistana Kaline Demarchi, 29, a expressão acabou tendo um sentido literal. Trabalhando como atriz, ela nunca havia pensado em seguir carreira na moda. Até sonhar durante dias seguidos que produzia bolsas. “Eu não entendia o motivo daquilo, porque não tinha nada a ver com a minha vida”, lembra.
Decidida a entender o significado dos sonhos, ela se matriculou em um curso de corte e costura em 2012. “Era apenas um hobbie, mas as pessoas queriam comprar o que eu produzia”, afirma Kaline, que percebeu ali uma oportunidade de negócio. “Os sonhos foram um presente do universo. Eu olhava para as peças e percebia que era aquilo que gostaria de fazer”.
A empresária não pretendia, no entanto, criar bolsas similares às demais disponíveis no mercado. “Eu já era vegetariana há mais de 10 anos e foi natural que algo criado por mim seguisse essa ideologia”. Em 2014, ela investiu R$ 10 mil e abriu o e-commerce La Loba, uma marca de bolsas veganas que não utiliza nenhum material de origem animal.
A inspiração para o nome da marca veio do livro Mulheres Que Correm Com Os Lobos, da escritora Clarissa Pinkola Estés. “Nele, há um conto chamado La Loba, que fala sobre uma mulher selvagem. Eu queria essa energia para o meu trabalho”, explica.
Consumo consciente
Segundo Paulo Demarchi, marido e sócio de Kaline, a marca não produz em grande escala, já que visa estimular o consumo consciente. “Não queremos que as pessoas comprem tudo por impulso e em grande quantidade. Produzir muito gera mais descarte, o que não se encaixa no nosso modelo de negócio”.
As bolsas são feitas apenas com materiais alternativos, como laminado vegetal, biodegradável e sustentável. O tecido vem do látex, extraído das seringueiras no interior de São Paulo e de Rondônia.
O cuidado durante a produção rendeu certificados para a empresa. Em janeiro deste ano, a La Loba recebeu o selo da Vegan Society, comprovando que sua produção é 100% vegana. A organização foi a responsável por criar e registrar o termo veganismo em 1944.
“Foi uma conquista maravilhosa. Somos a primeira marca de moda brasileira a ter esse registro”, afirma Kaline. “Estamos provando que é possível fazer bolsas de qualidade, sustentáveis e que não agridem os animais”.
O conceito atraiu clientes e, em 2017, a La Loba faturou R$ 115 mil, um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Para 2018, a expectativa é que a marca cresça 20% e se consolide no mercado.