Não é difícil encontrar empreendedores com histórias de vida cheias de superação. Mas Leo Porto, piauiense de Piripiri, tem uma que impressiona. Ainda jovem, mudou-se para São Paulo em busca de emprego. No trabalho de servente de pedreiro, descobriu uma paixão que mudou a sua vida: a cachaça. A convite de um irmão, foi para Belém, Pará, cuidar de um bar.
“Disse que só passaria 20 dias. Se gostasse, ficava. Já faz 24 anos que falei isso”, diz. Lá, iniciou o processo que apelidou de “alquimia”, em que inventava combinações de cachaças com frutas típicas do estado paraense. “Eu sempre gostei muito de cachaça.” O bar começou a fazer sucesso e Leo famoso fico por suas bebidas. A chave, no entanto, só foi virar em 2011, num dia de ressaca.
Para curar as dores de cabeça, um caldo de tacacá – prato típico do Pará, feito com folhas de jambu, ingrediente conhecido por provocar dormência na boca de quem come. Foi aí que teve uma ideia: misturar cachaça com jambu.
Na hora, foi para a cozinha onde realizava os experimentos e preparou a combinação. Num primeiro momento, a bebida não deu certo. Desistiu da ideia e esqueceu a garrafa por três meses. Quando voltou a encontrá-la, por acaso, se impressionou com a cor da cachaça. “Um dourado lindo. Tomei um gole e ‘Eureca, moleque!’”, diz Leo.
Levou para o bar e ofereceu para seus clientes. “Todos gostaram. Foi impressionante”, diz. Contratou uma engenheira de alimentos para auxiliá-lo na produção da bebida e entrou com processo de patente da bebida. Segundo o empreendedor, a patente ainda não foi concedida e há outras empresas fabricando a cachaça. “Mas nós focamos em sermos o melhor”, diz.
Foi um sucesso. A empresa vende a cachaça com jambu para todo o país. Para atender a demanda, investiu em uma fábrica com capacidade para produzir 30 mil litros por mês – atualmente fabrica 6 mil litros. Um dos diferenciais da empresa é produzir o próprio jambu. Ao lado da fábrica, tem uma plantação capaz de atender a 30% de sua produção.
No total, a Meu Garoto comercializa 10 mil garrafas mensais. Com isso, tem um faturamento de R$ 120 mil a cada mês. Em média, uma garrafa com 700 ml da bebida custa R$ 45.
O próximo passo é levar para fora do país. O mercado dos sonhos é o europeu, por isso está no processo para obter o selo de exportação. “Sei que em Portugal e na Alemanha o consumo de bebidas alcoólicas é muito grande. Temos reuniões por lá este ano”, afirma. “Eu procurei fazer a coisa correta, com responsabilidade e hoje amo o que eu faço.”