Durante uma viagem para o Vale do Silício, em abril de 2019, Fabio Neto se encantou pelo conceito de foodtech e o futuro com uma alimentação mais sustentável. De volta ao Brasil, ficou com a ideia na cabeça e pensou que seria um caminho de negócio. Falou com a esposa Paula Maximo e, juntos, começaram a pesquisar sobre o assunto, entrando em contato com nutricionistas e técnicos de alimentos. Foi quando ele descobriu que o sorvete, um de seus doces preferidos, era um dos grandes vilões.
Para oferecer uma alternativa mais saudável, o empreendedor fundou a Yamo, uma foodtech de sorvetes plant based sem glúten, lactose ou gorduras saturadas. A startup começou a operar em dezembro de 2020, em Minas Gerais, e chega agora a São Paulo. A expectativa é faturar R$ 2,5 milhões neste ano.
Quando decidiu começar o negócio, Neto entrou em contato com o amigo Cairo Carvalho, que já trabalhava há 15 anos produzindo sorvetes e que tinha a ideia de usar mais frutas na produção, mas ainda seguia o caminho da indústria tradicional. Neto contou sobre a ideia de fazer um “sorvete impossível”, ou seja, sem leite de animal, gordura e açúcar refinado. Carvalho, à primeira vista, achou que realmente seria impossível, mas decidiram tentar. O investimento inicial foi de R$ 3 milhões, utilizado em pesquisa e compras iniciais de alimentos e equipamentos como freezer e embalagem.
“Ficamos um ano desenvolvendo o produto. Jogamos muita coisa fora, testamos diferentes leites vegetais para ver quais seriam melhores. Mas nenhum chegava no resultado que queríamos”, diz Neto. A principal premissa era que o “sorvete impossível” deveria ser tão saboroso quanto o comumente vendido.
Com a ajuda de um comitê de nutricionistas, os empreendedores finalmente chegaram na fórmula que desejavam. A base do produto é o inhame, conhecido por suas propriedades nutricionais, do qual é extraído o leite vegetal. A gordura, que dá consistência ao sorvete, foi substituída pelo tahine e o açúcar das frutas é o responsável por adoçar.
Uma outra decisão dos empreendedores foi verticalizar todo o processo, por isso inauguraram uma fábrica em Uberlândia, Minas Gerais. Em junho de 2020, eles começaram a fazer testes de produtos com 300 famílias interessadas em consumir alimentos mais saudáveis. Neste momento, Ricardo Rocha, CEO da Softbox, também entrou como sócio-investidor do negócio.
Depois do sucesso em Minas Gerais, a empresa fez sua expansão para São Paulo recentemente, em uma dark kitchen para atender a demanda de entrega via e-commerce e aplicativos de delivery como o iFood.
Em 2021, a empresa pretende se consolidar nas capitais da região e dobrar o time que atualmente conta com 20 pessoas. Mas principalmente, a Yamo quer se firmar como uma foodtech. “Queremos de fato ser uma plataforma de alimentação saudável. Queremos usar inteligência artificial para desenvolver novos produtos e não ser apenas mais uma marca de sorvete”, diz Neto.