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Cantora da As Baías, Raquel Virgínia virou empresária da banda em 2019. Foi quando percebeu uma série de lacunas no mundo comercial do entretenimento quando se fala em diversidade.
“Cada vez mais, a diversidade é colocada em questão, mas as equipes continuam pouco diversas. O tema fica nas frentes das câmeras mas, por trás, os times continuam sendo bastante normativos. Em geral, formados por brancos, cisgêneros e heteronormativos”, diz Virgínia, mulher transgênero e negra. Pensou que era preciso ter uma maneira de mudar o ecossistema para que a diversidade fosse orgânica.
A cantora fundou a Nhaí!, startup que faz projetos de comunicação e consultoria para que as marcas consigam fazer a comunicação sobre diversidade de uma maneira mais eficaz. “Sempre buscamos a diversidade orgânica, sem ser estereotipada, e com um discurso inovador”, diz a empreendedora. Isso é possível, segundo Virgínia, porque a própria equipe da startup é diversa, com pessoas transgêrero, negras e da periferia.
“Todas essas pessoas são extremamente talentosas e estavam à margem do mercado, tentando ser inseridas. Eu fui buscá-las e fizemos, ao longo de 2020, uma grande preparação para o mercado”, diz a empreendedora.
Os primeiros clientes foram empresas que Virgínia criou relacionamento ao longo de sua carreira como cantora. As Baías é uma banda que, ao longo de sua trajetória, construiu um debate em relação à própria diversidade”, afirma. Quando abriu a startup, Virgínia falou com algumas empresas para explicar o serviço, especialmente com aquelas que já mostravam um posicionamento sobre diversidade. Entre os clientes estão marcas como Universal Music, Absolut e agências publicitárias. Com a Absolut, inclusive, a Nhaí! realizou uma parceria com As Baías.
O objetivo da startup é ser referência ao se falar de diversidade e criar futuramente um centro de formação de pessoas LGBTQIA+. “É fazer com que o nosso maior tesouro, que são as pessoas, estejam prontas para estar no mercado.”