Heitor, filho do casal Naila e Alessandro Duarte, tinha somente três anos quando disse que não ia continuar comendo sua sopa porque ela estava “cheia de agrotóxico”. Aquilo afetou o casal, que decidiu mudar tudo. Deixaram as carreiras de montadora de vídeo e arquiteto para estruturar um negócio. Depois de uma visita ao Sebrae-SP, decidiram abrir um mercado de produtos orgânicos. Três anos depois o casal inaugura a Casa Orgânica, estabelecimento inspirado no Whole Foods que reúne mais de mil artigos orgânicos de hortifrúti, mantimentos, limpeza, perfumaria e até produtos para pets.
“A gente não tinha nada de empreendedor. Foi com muita dedicação que estruturamos o negócio”, diz Naila. Para montar o galpão de 500 m², na Vila Madalena, em São Paulo, foram necessários dois anos e meio de “muito trabalho” e um investimento inicial de R$ 200 mil. “Um empréstimo que precisamos pagar.” Uma forma de economia encontrada pelo casal foi trabalhar com mobília reutilizada. “Se a ideia era montar um lugar para produtos orgânicos, não fazia sentido comprar coisas novas de plástico.”
Fornecedores
Naila conta que se surpreendeu na hora de encontrar os fornecedores para o seu negócio. “As pessoas acham que existe pouco produtor orgânico certificado, mas a gente achou muita coisa. Isso nos ajudou a dar diversidade ao nosso negócio.”
Foi por conta do leque abrangente de fornecedores que os empreendedores decidiram apostar em um portfólio mais completo. São mais de mil produtos à disposição dos clientes. A meta é que ao longo do tempo esse número chegue a quatro mil.
“O que mais está vendendo até agora é a nossa linha de perfumaria. Temos desde máscara facial até shampoo. Coisa que a gente não tinha ideia que existia”, afirma Naila. Apesar do mix, a Casa Orgânica não conta com um portfólio fixo – pelo contrário, os itens são sazonais.
“Se não é época de morangos, os nossos produtores muito dificilmente vão ter o produto. Por consequência, as pessoas não vão encontrá-lo na loja.” Mas o que poderia ser um problema é motivo de orgulho para o casal. “O nosso objetivo é educar as pessoas a terem um consumo consciente. Se não tem agora, não é época.”
Preço
Outro fator que o casal está tentando reverter é o do preço dos produtos. Os orgânicos são reconhecidamente mais caros do que os tradicionais. Uma forma que encontraram de fazer isso foi diminuindo a margem de lucro. “Nós buscamos o ideal para manter a casa e não pesar no preço. A ideia é tornar cada vez mais acessível. Quanto maior o consumo desse tipo de produto, mais acessível vai ser.” A empresa não abre o que projeta faturar em 2017, mas espera abrir um restaurante dentro do espaço neste ano. “Queremos reaproveitar nossos próprios produtos.”
A casa também oferece o seu espaço para parceiros que oferecem outros tipos de produtos orgânicos e serviços. Atualmente, conta com a presença de quiosques de maquiagem, sorveteria e loja de roupas feitas com algodão orgânico. Os empreendedores não cobram aluguel, mas têm participação no lucro das vendas. “O objetivo é crescer junto”, diz Naila. Além disso, a casa realiza workshops e eventos culturais.