A pesquisa Retrato do Financiamento Coletivo no Brasil revelou aspectos importantes do mercado nacional de crowdfunding. Realizado pelo Catarse em parceria com a Chorus, o estudo se baseou no mapeamento de quatro pontos:
- Conhecer o perfil das empresas de crowdfunding do país.
- Analisar o cenário atual do financiamento coletivo no Brasil.
- Compreender comportamento e motivações das pessoas que apoiam projetos desse tipo.
- Apresentar como trabalham os realizadores desses projetos.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram entrevistadas 3.336 pessoas no período de agosto a setembro de 2013. Os participantes faziam parte da base de usuários da plataforma Catarse, composta de assinantes da newsletter do site e de seguidores de suas redes sociais.
Os resultados, obtidos por meio de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, foram apresentados em quatro blocos, a saber, perfil, financiamento, rede e realizadores. Confira a seguir cada um deles.
Perfil
Esta etapa da pesquisa procurou entender o comportamento das pessoas que participam de projetos de financiamento coletivo no Brasil. Constatou-se que os projetos de crowdfunding já mobilizaram pessoas de todos os estados brasileiros.
No entanto, a maioria das pessoas está concentrada no Sudeste, que abrange 63% dos participantes de crowdfunding entrevistados. Em seguida estão participantes das regiões Sul (20%) e Nordeste (9%).
Em relação ao gênero, a maioria dos participantes é do sexo masculino, representando quase 60% do público. Além disso, a parcela de 25 a 30 anos da população e pessoas com mais escolaridade são as mais engajadas.
Outro dado relevante é a constatação de que 64% das pessoas que fazem o financiamento coletivo acontecer no Brasil ganham até R$ 6 mil por mês.
Entre os empreendedores entrevistados, 32% haviam aberto seu negócio há no máximo três anos e 23% há mais de 10 anos. A pesquisa constatou que 68% dos empreendedores entrevistados enxergam potencial de financiamento coletivo em seus negócios e que 81% dos estudantes entrevistados estão interessados em empreender projetos próprios após se formarem.
É importante notar também que o público é bastante ativo no consumo pela internet e está disposto a pagar mais caro por um produto que faça um bom trabalho socioambiental.
Neste ponto, o objetivo da pesquisa era descobrir qual é o entendimento dos brasileiros a respeito do assunto e como eles têm utilizado o crowdfunding.
Assim, constatou-se que 45% dos entrevistados conhecem o conceito de financiamento coletivo há mais de dois anos e que o ligam a um novo modelo de economia. Além disso, 54% já apoiaram de dois a cinco projetos.
Os projetos que os entrevistados mais têm interesse em apoiar se dividem em:
- Projetos artísticos e culturais de forma independente.
- Iniciativas com viés social e/ou ambiental, que fortaleçam comunidades de forma responsável e solidária.
- Projetos com viés empreendedor, que viabilizem novas empresas, produtos e iniciativas.
Rede
A pesquisa também quis saber o que deve ser feito para expandir o mercado de financiamento coletivo no Brasil.
A ideia era saber como se configuram os círculos de influência de uma campanha de crowdfunding e como um projeto atinge diferentes estratos sociais.
Constatou-se que o círculo de influência ocorre em função de três esferas de apoio:
- Ignição de projetos: compreende amigos e parentes que estão dispostos a ajudar um projeto. São esses os apoiadores mais valiosos, responsáveis pela ignição de um projeto e pelo estímulo psicológico inicial da campanha. Tudo fica mais difícil sem eles, pois representam de 55% a 80% dos recursos que serão captados por um realizador.
- Realização de projetos: este círculo é composto por pessoas que receberam recomendações sobre um projeto da rede de influências de seus conhecidos diretos e parentes.
O mais importante aqui é a comunicação sobre o projeto: quanto mais distantes as pessoas estão de um acesso direto ao realizador, mais necessidade sentem de assegurar a credibilidade da iniciativa proposta. A dica é se comunicar bem e ser transparente sobre os objetivos da proposta.
- Interesse público: trata-se do momento em que um projeto ultrapassa os outros círculos por trabalhar temáticas que são de interesse público, por gerar comoção ou por fazer boas campanhas a ponto de expandir a rede de influência do projeto a totais desconhecidos.
Muitos participantes sugeriram que campanhas de publicidade são um ótimo caminho para divulgar o modelo do financiamento coletivo.
No entanto, a própria lógica de recomendação da plataforma favorece que projetos com apelo popular espalhem aos quatro ventos a novidade do financiamento coletivo e tragam mais apoiadores, que passam a circular na plataforma. Isso influencia no apoio a vários outros projetos.
Realizadores
Entre as pessoas que mais realizam projetos de financiamento coletivo no Brasil, estão as que têm de 25 a 30 anos (37%) e as com idade de 31 a 40 anos (28%).
Outro ponto importante levantado pela pesquisa é que 32% dos realizadores do crowdfunding são empreendedores/donos de empresa. Além disso, para eles os projetos se tornam bem-sucedidos quando há uma boa estratégia de divulgação ou uma forte relevância social, que pode contar inclusive com apoio de amigos e familiares.
Ainda assim, os entrevistados complementaram que transparência, qualidade e recompensa são os fatores que importam na hora de decidir apoiar ou não uma campanha.