Perto de completar o primeiro ano de seu quinto mandato, o advogado Alberto Mourão (PSDB), 62 anos, colhe bons frutos plantados ao longo de suas quatro gestões anteriores. Mas o crescimento de Praia Grande também tem acarretado alguns problemas, como o aumento populacional (cerca de dez mil novos moradores por ano).
Situação que, consequentemente, leva à necessidade de ampliação dos serviços já existentes no Município. Como resolver esta questão? Segundo Mourão, é preciso sempre antecipar o planejamento. E ele dá como exemplo o fato de ter planejada a construção de escola para até 2020.
O prefeito recebeu A Tribuna e falou sobre metas. Todas elas, segundo ele, são anotadas em planilhas. Nelas, estão detalhes sobre Saúde, Educação, Segurança, Desenvolvimento Urbano e outros. Na cena político-partidária, Mourão causou polêmica há dois meses quando se mostrou insatisfeito com o PSDB. Motivo que o tornou alvo de outros partidos interessados em lançá-lo a “cargos mais altos”.
Qual a sua avaliação sobre este primeiro ano?
Estamos começando (o segundo mandato), mas conseguimos dar continuidade às obras que já tinham sido iniciadas e concluímos as que estavam programadas para o primeiro semestre deste ano. Dentro do que estava previsto, concluímos 100%.
A Cidade cresceu, mas ganhou novos problemas com o crescimento. E agora?
A grande dificuldade para uma cidade que cresce, como Praia Grande, é controlar este crescimento. Não é mais simples, se comparado a uma cidade que ainda está dando os primeiros passos rumo ao crescimento. Recebemos dez mil novos moradores por ano e isso demanda novos serviços. Quanto mais uma cidade cresce, mais surgem os desafios. Agora, eles podem ser superados diante da capacidade que você tem para se antecipar. Se é feito um planejamento, conseguimos nos antecipar aos problemas. Por exemplo, temos colégios planejados para 2020.
E que nota o senhor dá para educação municipal?
Dez somente para Deus. Para a Educação, hoje, eu daria oito. Ainda falta reduzir mais a evasão escolar. Não está grande, mas podemos melhorar os resultados. As metas são diminuir a retenção e melhorar as notas.
Moradores reclamam da saúde em Praia Grande. O que fazer?
Temos que ampliar cada vez mais a rede básica. Há 27 unidades, com 84 equipes. Mas a meta é chegar a 92. Também queremos contratar mais médicos volantes, para cobrir férias e não deixar as equipes desabastecidas. Além disso, trazer as consultas básicas para até 15 dias e as consultas de especialidades para até 30 dias. Estrutura temos, agora é investir em recursos humanos. Essa é a nossa prioridade. Podemos melhorar muito mais, com os ajustes que faremos nos próximos três anos.
Isso vale para a segurança?
Nossa Guarda Civil Municipal se estruturou de tal forma, que tem mais efetivo do que a Polícia Militar. Com isso, hoje, nós executamos mais ocorrências do que a polícia. Levamos mais gente para as delegacias e para o Fórum do que a polícia. A Guarda faz o papel que não é dela.
Apesar disso, estatísticas de violência continuam altas?
Se temos o combate, temos os registros das ocorrências. Por isso, minha briga constante é pelo aumento do efetivo policial nas cidades. Afinal, a Prefeitura não pode continuar fazendo o serviço que é função do Estado. Quem tem de investigar é a Polícia Civil. Quem tem de fazer o patrulhamento ostensivo é a Polícia Militar. Querem impor às prefeituras atribuições que não são delas.
Além da atuação da Guarda, há outras ações na área de segurança?
Estamos instalando mais 105 câmeras OCR (alta resolução) até o ano que vem. São 105 câmeras de altíssima qualidade para a segurança. Além disso, temos o software de Israel, que nos permite a observação por meio de vídeo analítico e mais 300 câmeras que identificam ações consideradas anormais. Estamos testando um vídeo para identificação facial. Ainda, estamos comprando mais 28 viaturas para a Guarda Civil Municipal.
E qual a meta para 2018?
É continuar colocando em prática tudo o que foi planejado para as áreas de Educação, Saúde e Segurança. Em 2018 a ideia é intensificar a atuação nessas áreas.
Falam que o sr. paga em dia, mas os salários do funcionalismo são baixo?
Eu não diria que pagamos mal. Alguns setores têm remuneração melhor. Ainda existe um setor que eu penso que teremos de pagar melhor, que é o intermediário. Mas estamos falando de 2.500 funcionários. Então, temos dificuldades, até devido a uma crise que não fomos nós que criamos. Por isso, nossa proposta é pagar em dia. Essa é uma prioridade. Aqui, começamos a guardar o dinheiro do 13º em janeiro. Não posso gastar o dinheiro do funcionário para pagar outra conta. A primeira coisa é ter em mente que o salário não pode atrasar.
Como é governar em meio a uma grave crise econômica?
É ser gerenciador. Todos falam que sou exigente. Sou, sim. Costumo fazer o controle de tudo, até quanto se gasta com o combustível de uma viatura. Até vão dizer que o prefeito tem de fazer política partidária. Mas a Cidade espera muito mais de mim. E eu sou o gerente. Não existe gerente pela internet. O mundo novo faz você ter ferramentas de gestão nova, mas nunca vai dispensar a mão humana. Eu tenho de ter essa interação cara a cara. Preciso das informações de todos os setores para fazer o ajuste necessário.
Praia Grande é a quarta cidade brasileira em número de turistas. Isso ajuda ou atrapalha?
Com o fluxo de veranistas, o turismo ocorre o ano todo. Por isso, a disciplina foi fundamental. Pegar uma condução e ficar no meio da rua, sem banheiro, não é (o que se espera do) turismo. Hoje, oferecemos condições adequadas aos visitantes. Temos mais de 12 mil vagas em colônias de férias. Posso receber de forma digna qualquer pessoa. Mas, a primeira coisa foi colocar regras para o setor.
Praia Grande está atraindo investimentos da iniciativa privada. Qual sua avaliação?
O setor público tem de garantir as condições para atrair o investidor. Isso é o que vai continuar a ser feito.
Como dizem, Praia Grande será realmente a principal cidade da região no futuro?
Não creio que devamos concorrer com as demais cidades. Temos, sim, de complementar. Cada um tem a sua vocação. Agora é a vez de Praia Grande, pois ela fez a lição de casa. Creio que em mais dez anos seremos a maior cidade em termos populacionais. Do ponto de vista estrutural, seguindo o atual modelo de gerenciamento, ela vai ajudar a Baixada Santista a gerar empregos.
Alguns moradores dizem que não há critérios para se construir na Cidade. O que o senhor diz sobre isso?
Praia Grande segue a Lei de Uso e Ocupação do Solo que vigora há mais de 20 anos. Não há nenhum procedimento errado. Seguimos as normas aprovadas no Plano Diretor de 1995, referendado em 2006 e reafirmado em 2016. Em alguns locais da Cidade pode construir prédios e, em outros, não.
Há quem diga que o Portal da Transparência deixa a desejar. O senhor concorda?
No passado houve um problema eletrônico que foi superado e o portal é confiável, sim. As informações estão disponíveis no sistema como determinado de acordo com a Lei Federal 12.527/11.
Cultura não é uma prioridade?
Praia Grande investe maciçamente em Cultura, especialmente na de base. São milhares de crianças e jovens no programa Super Escola Cultural, que oferece dança, teatro, violão e musicalização no contraturno escolar. Temos peças de teatro amador, inclusive, que são destaques nacional. Além disso, os programas da Secretaria de Promoção Social, como os Programas de Integração e Cidadania (PICs) e Centro de Apoio da Família do Educando (Cafes) também oferecem dezenas de atividades culturais para toda a população. O Município dispõe do Complexo Cultural Palácio das Artes, com seis mil metros quadrados, que é um dos mais importantes da região e que conta com a Galeria Nilton Zanotti, Museu da Cidade e Teatro Serafim Gonzalez.
O senhor vai sair do PSDB, para ser candidato a deputado nas próximas eleições?
Tenho sido procurado para mudar de partido e me lançar a um cargo maior. Mas essa é uma decisão que não pode ser tomada de forma isolada. Eu continuo no PSDB e tenho um tempo ainda. Então, acho melhor pensar um pouco mais.
Mas recebeu convites para deixar o ninho tucano?
Seis partidos já me procuraram.