Um aplicativo em que você compara o preço de um único produto em todos os supermercados e farmácias da região. Essa é a proposta do PINNGO, aplicativo criado pela startup Horus, especializada em pesquisa de mercado. Com os dados gerados pelos 300 mil usuários cadastrados, a empresa monta relatórios de comportamento de compra para clientes como Coca-Cola, Heineken e P&G. Em 2019, a empresa faturou R$ 7 milhões com a solução. Neste ano, espera superar o resultado em 30%.
A ideia surgiu há três anos, quando Gustavo Rebello, CEO da startup, decidiu que era hora de adicionar tecnologia ao negócio de Rogério Garber, antes focado no tradicional mercado de pesquisas de comportamento do consumidor. Na época, tratava com a Coca-Cola o desenvolvimento de uma solução que pudesse trazer dados mais precisos sobre os clientes da empresa.
untos, chegaram na primeira versão do PINNGO. Originalmente, a ideia era que o aplicativo funcionasse com exclusividade para atender às demandas da Coca-Cola. Mas viram no app uma oportunidade para trazer inovação e tecnologia ao negócio. “A gente transformou um teste numa entrega com resultado. Imaginamos que não teria como justificar um teste de tecnologia para outros clientes sem resultado. E deu super certo. A Coca-Cola olhou para o app e teve a ideia de escalar o serviço no Brasil”, diz Rebello.
Os dados que alimentam o app vêm diretamente das notas fiscais emitidas em pontos de venda. Por meio da plataforma, a empresa consegue acumular e analisar milhões de dados de compras no varejo, incluindo produtos, marcas, categorias, volume e presença no ponto de venda, além de informações precisas sobre o perfil e os hábitos de consumo de seus compradores. No app, por exemplo, o consumidor final pode encontrar a Coca-Cola mais barata da região – e com base nisso, a empresa pode trabalhar de diversas formas.
Para isso, entretanto, o consumidor precisa escanear o QR Code impresso na nota fiscal enquanto usa o aplicativo. “Como um usuário do Waze faz quando relata um buraco na via”, diz Garber. Engajar o usuário é um dos principais desafios da empresa. Sabendo disso, a Horus inicia o processo enviando pesquisadores próprios para montar um banco de dados mínimo. A partir daí, a empresa faz ações de marketing em redes sociais para que as pessoas usem a ferramenta – que já está carregada com uma base de informações. Por exemplo, em um dos trabalhos a empresa teve que enviar um grupo de pesquisadores ao interior de Alagoas, onde está localizado um de seus clientes, para fomentar o uso do app.
Novos mercados
Apesar do plano inicial de levar o serviço para outros potenciais clientes, foi apenas na pandemia que a Horus decidiu expandir a atuação do PINNGO. A motivação? Um “susto” quando os negócios começaram a fechar pelo país e a dependência de um único grande cliente para o app. Com base nisso, iniciaram um modelo de venda por assinatura do serviço – que varia o valor de acordo com o cliente – e adicionaram ao portfólio empresas como a Heineken e a P&G.
O diferencial do negócio, diz Rebello, é a agilidade da análise dos dados do app. Enquanto outras empresas podem levar até 15 dias para concluir o processo, a Horus entrega em três, promete o empresário. “Hoje em dia, o maior ativo definitivo para o sucesso é trabalhar em cima de dados atuais, do que está acontecendo agora. Nesse momento de incertezas, nosso objetivo é ser a ‘bola de cristal’ mais segura para os nossos clientes”, diz Luiza Zacharias, também sócia do negócio.
Planos para 2021
Com uma possível retomada da economia no ano que vem, a expectativa de Rebello é crescer junto com a indústria. “Acho que vai ser muito bom para a Horus. Esperamos continuar ajudando o mercado com dados e agilidade”, afirma o CEO.
Para Garber, o plano a médio prazo é transformar o PINNGO em uma rede social voltada para o consumo de massa. A ideia é que, dentro do app, as pessoas compartilhem e troquem informações sobre as suas experiências de compra. “Por exemplo, se um mercado realmente entrega o que promete, se determinada promoção vale a pena. Está no nosso radar e temos trabalho para viabilizar a novidade.”