“Somos um meio termo entre uma rede social e um e-commerce. O nosso maior valor é o senso de comunidade”, explica Guilherme Vieira, 28, fundador da startup Pelando. “Nossa plataforma possibilita que os consumidores troquem informações entre si e consigam tomar melhores decisões de compra. 90% das nossas ofertas são sugestões enviadas pelos próprios usuários”.
Vieira sempre gostou de pesquisar quais eram os produtos com melhor custo benefício, o que, segundo ele, foi influência do seu pai que costumava procurar assiduamente pelos produtos mais baratos nas lojas de Belo Horizonte, onde vivem. O empreendedor estudou em colégios públicos e teve experiências em empresas varejistas e startups de comércio.
Em 2015, quando trabalhava na área de novos negócios em uma empresa de social commerce, por meio de contatos, acabou descobrindo a Pepper.com, empresa internacional de plataformas de comunidades de compras, que está em 11 países. O empreendedor se identificou imediatamente com a proposta da empresa e resolveu entrar em contato.
“Foi tudo muito rápido. Comecei a conversar com o pessoal da Pepper sobre trazer ela para o Brasil e quinze dias depois tinha pedido demissão e estava na Alemanha, na sede deles, para fechar a sociedade. Um mês depois, em outubro de 2015, a empresa investiu R$ 1,7 milhão na gente e lançamos a plataforma no Brasil”, conta Vieira.
O empreendedor conta que a Pepper produziu o software do Pelando e que o nome da plataforma foi escolhido por ser uma referência a descontos e promoções “quentes”, ou seja, muito boas. “No primeiro mês após o lançamento, éramos dois funcionários, e o site não tinha tráfego nenhum. Até que, antes da Black Friday, em novembro de 2015, começamos a investir em influenciadores digitais e o resultado foi incrível: conseguimos um número de acessos absurdo, com milhares de usuários navegando simultaneamente”, conta Vieira.
A partir daí, a startup continuou crescendo e hoje conta com cerca de 850 mil inscritos e direciona os usuários para, em torno, de 48 mil pedidos por mês. Vieira explica que não é necessário se cadastrar para ter acesso às informações do Pelando, mas o cadastro é gratuito e, a partir dele, os usuários podem interagir dentro da comunidade, seja com sugestões de ofertas, comentários no site ou avaliação das promoções.
Atualmente, a startup conta com uma equipe de 32 pessoas, nas áreas de marketing, tecnologia, financeiro, RH e comunidade – área especializada na seleção das promoções que entram no site. A maior parte das ofertas são enviadas pelos usuários e a equipe verifica se elas estão dentro dos critérios necessários: se é uma promoção significativa, se não é fruto de autopromoção ou se são de lojas pouco conhecidas, nas quais não é possível verificar se os preços são realmente de oferta.
A partir dessa seleção, ofertas de produtos dos mais diversos nichos, de dentro e fora do Brasil, podem entrar na plataforma. As áreas de tecnologia e cupons de aplicativo são as mais procuradas. A receita da startup vem da comissão de vendas de algumas das lojas que têm suas ofertas publicadas na plataforma e o percentual ganho pela startup varia de acordo com cada marca e produto.
“Quando a pandemia começou no Brasil, no começo de 2020, eu tinha acabado de voltar da Alemanha. Na época, a situação lá estava bem mais grave e, por isso, me assustei e achei que a gente ia quebrar”, conta o empreendedor. “Mas o oposto acabou acontecendo. Graças ao crescimento do e-commerce durante o isolamento social, o número de usuários aumentou em pelo menos 30% e as vendas dobraram. Quando vimos, estávamos faturando R$ 1 milhão por mês”.
Vieira relata que nunca imaginou que se tornaria empreendedor, mas é muito apaixonado pelo que faz. “Se eu saísse do Pelando, eu com certeza abriria outro negócio na mesma linha”, conta. Para o futuro, o empreendedor pretende investir no aprimoramento da experiência em dispositivos móveis, já que é o meio pelo qual 70% dos acessos acontecem, além de intensificar a relação dos lojistas com a plataforma.