De olho no dinheiro dos saques das contas inativas do FGTS, o comércio varejista investiu em publicidade e promoções para tentar fisgar os consumidores. Os primeiros indicadores apontam que o dinheiro trouxe uma leva alta nas vendas nos primeiros dias de saque, com destaque para o aumento da procura por produtos como celular, TV e móveis. O movimento, no entanto, durou pouco, segundo varejistas.
O primeiro lote de saques das contas inativas do FGTS começou no dia 10 de março, apenas para pessoas nascidas em janeiro e fevereiro. O próximo lote – para nascidos em março, abril e maio – foi liberado no dia 8 de abril.
Para tentar fisgar o trabalhador que recebeu um dinheiro inesperado, diversas empresas fizeram anúncios direcionados ao saque do FGTS. O Bradesco, por exemplo, colocou publicade em pontos de ônibus e no vidro de táxis do Rio e de São Paulo. Gafisa anunciou no rádio. E Casas Bahia e Ponto Frio estamparam as lojas com comunicação direcionada para o público que vai sacar o fundo de garantia.
Os dados sobre vendas do comércio em março só serão conhecidos a partir da segunda quinzena de abril. Mas a gigante Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, afirma que “percebeu sim um aumento nas vendas”, mas sem revelar números. “As categorias que tiveram mais compras em março são celulares, eletroeletrônico e móveis”, informa o grupo.
Procuradas pelo G1, Magazine Luiza, Carrefour, Extra e B2W, dona da Americanas.com e Submarino, não comentaram o impacto do FGTS nas vendas.
Funcionários de diferentes redes ouvidos pelo G1 confirmaram o aumento das vendas nos primeiros dias de liberação dos saques do FGTS. O efeito, no entanto, durou pouco e o movimento caiu desde a virada do mês.
“Março foi um mês bom. A meta de vendas subiu e todos conseguiram bater, mas acho que já acabou o dinheiro do pessoal”, disse o vendedor de uma loja da região de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, que reclamava do baixo movimento.
Na loja ao lado, também vazia em pleno horário comercial, a avaliação dos vendedores era que o fim do sinal analógico de TV e a procura por televisores com sinal digital contribuiu mais para o aumento das vendas do que o dinheiro extra do FGTS. “Não peguei nenhum cliente dizendo que estava comprando com o FGTS. Um falou que ira voltar quando sacasse, e até agora não voltou”, contou o lojista.
Estamos na expectativa’
Não são só as grandes redes que tentam “pegar carona” nos saques do FGTS. Pequenos lojistas, de lojas de material de construção à concessionárias e lojas de produto de beleza, também têm investido em publicidade direcionada a quem vai sacar o FGTS.
A São Sebastião Material de Construção, da Região Metropolitana de Curitiba, apostou em anúncios na internet e em jornais para incentivar os consumidores a usar parte do dinheiro para reformar a casa. Mas por enquanto observou uma alta de apenas 2% nas vendas.
“Ainda estamos na expectativa, porque ainda está fraco”, afirma o dono da empresa, Ademílson Martins. “O investimento que fizemos ainda não valeu a pena. Mas a expectativa é boa, porque os clientes estão fazendo orçamento e estão dizendo que vão usar o FGTS”, conta.
Bancos tentam fisgar consumidor
Os bancos também tentam fisgar os consumidores com a oferta de serviços que antecipam o valor do FGTS para aqueles que desejam sacar imediatamente o benefício. Trata-se, no entanto, de uma modalidade de empréstimo, com cobrança de juros, recomendada apenas para os contribuintes que estão realmente precisando com urgência do dinheiro.
O Banco do Brasil informou que desde o dia 10 de março já foram contratados R$ 5,2 milhões na linha de crédito para antecipação de recursos de saque de contas inativas de FGTS. O valor é pequeno comparado ao da linha de antecipação de restituição de Imposto de Renda, que já somou R$ 155,5 milhões.
O Santander informou que a demanda pela linha de antecipação do FGTS no banco “está em linha com os demais financiamentos do tipo e um pouco acima do desempenho de Imposto de Renda”.
Fonte: G1 Economia