Por quase cinco anos, a empresa A Tal da Bebida atuou na região de Brasília como uma loja física que vendia bebidas, tanto presencialmente quanto no delivery. Na pandemia, com as pessoas em casa, o modelo de entregas deu um salto, forçando Guilherme Sette, fundador do negócio, a expandir e abrir mais duas unidades da marca, trabalhando com uma frota própria de mais de 30 motoqueiros.
Mas o que parecia uma boa notícia começou a se tornar uma operação custosa. E apesar do aumento nas vendas e no faturamento, o empreendedor percebeu que o gasto com as três lojas estava saindo mais caro do que ele gostaria. “Sentei, peguei o papel e a caneta, e comecei a fazer conta”, diz. Da reflexão, surgiu a ideia de mudar o negócio por completo. Vendeu as três lojas, diminuiu o portfólio de 2 mil para 200 produtos e se enveredou para o mercado digital.
Para dar apoio ao novo formato, desenvolveu um sistema próprio de e-commerce com delivery, inspirado na computação em nuvem. Lançado em janeiro, o processo foi batizado de “Cloud Delivery”, no qual um carro refrigerado, abastecido com bebidas, roda na cidade enquanto os pedidos são feitos no aplicativo ou mesmo via iFood. A rede da A Tal da Bebida procura então o “carro-geladeira” mais próximo do cliente e encaminha seu pedido.
Dessa forma, diz Sette, o tempo médio de entrega, que era de 40 minutos, passou a ser feito em menos de dez minutos, dependendo da localização. O carro é abastecido duas vezes ao dia, com base nos padrões de pedidos – informações retiradas pelos dados gerados dentro aplicativo. Por exemplo: no turno das 9h às 17h são vendidos mais refrigerantes e águas; depois desse horário, o pico é de bebidas alcóolicas. Disposto a reproduzir seu negócio em larga escala, ele solicitou a patente do “Cloud Delivery”.
“Foi uma solução inspirada em conjunto de referências que tinha, como os galpões coletivos da Amazon, os apps de corrida da China, e cheguei nesse modelo”, diz. Por enquanto, a empresa está apenas com um veículo refrigerado atuando – e mais dois devem chegar nos próximos meses para aumentar sua área de atuação. Segundo o empresário, o modelo permitiu uma economia de 70% no quilômetro percorrido em comparação com o ano passado e cada carro refrigerado substitui até sete entregadores.
Sobre expansão ou a possibilidade de franquear o negócio, Sette quer esperar a operação amadurecer. A curto prazo, está nos seus planos levar os carros refrigerados para as cidades-satélites de Brasília. “Por ser um negócio digital, temos indicadores de pico de horário e mapas de demanda reprimida. Podemos testar com base em dados reais”, diz.
No ano passado, a empresa faturou R$ 1,6 milhão. Com as mudanças, espera fechar 2021 com um faturamento de R$ 4 milhões.